terça-feira, 30 de junho de 2009

À Deriva

Como posso mostrar
Tipo assim, exemplificar
A situação que o veleiro se encontra

É como ter toda água do mar
E poder saborear
Mas a garganta a incomodar
Como algo benigno
Mas digerido
Maligno

Tipo sereias cantantes
Alucinando viajantes
Afundados em superfície
Acordados na mesmice

E já vale o engano
Melhor que o humano
Que cego se fala
Que visto se cala
Sentado se apronta
Pra situação que o veleiro se encontra

Poetizado por: Melchior Cristo da Silva Barbosa

quarta-feira, 24 de junho de 2009

A Fortaleza da Solidão

Cheguei ainda com a luz do dia. Um grande portão com um grande S na frente informava exatamente que estava no meu destino. A Fortaleza da Solidão. O frio ártico não parecia incomodar tanto quanto antes. Como uma criança que para de chorar quando ganha o presente, eu parei de lamentar quando encontrei o local. Corri direto para o grande portão. Não saberia como poderia entrar ali. Só ele conseguia, ele tinha a força suficiente para isso. Aquilo foi feito apenas para ele entrar. Mas eu tinha que tentar. E quando cheguei bem perto, qual foi a minha surpresa quando automaticamente, aquele S gigante começou a mover-se para cima até desaparecer? Para quem tem tantos inimigos, o dono do local não parecia se importar com a segurança da fortaleza. Assim que entrei, passou pela minha cabeça. Será que ele estava a minha espera? Deve ser por isso que a porta abriu assim, repentinamente. Claro, ele tem super audição, super visão. Tratei de anunciar minha chegada:

- Superman! Superman você está por aqui? Eu vim visitá-lo Superman! Procurei este lugar por muito tempo! Você não estava em lugar algum, então resolvi procura-lo. E você sabia que eu viria, não? Vim em paz, não sou ameaça. Mas quem seria ameaça para você não?

Para não dizer que tinha apenas silêncio, ouvi o eco da minha voz repetindo exatamente o que disse. Triplicando a minha excitação de estar ali. Mas ele não respondeu. Nunca respondeu. Não estava ali. Ali não havia nenhum Superman. Nunca houve. O lugar era quente e solitário. Como uma cama quente no inverno. No seu quarto. Só. Apague as luzes. Onde é só você, seus sonhos ou pesadelos, que, aparecem para uma visita. Ou agradam ou desagradam. É protegido do frio lá de fora que você sente e pensa, o quão só está, o quão vulnerável é. É na Fortaleza da Solidão que você existe, para si mesmo.

Texto criado por: Melchior Cristo da Silva Barbosa

*Fortaleza da Solidão é o quartel-general de Superman, o famoso herói da DC Comics. Elá ja mudou de localidade por vezes, mas a mais famosa é a que se encontra no Ártico. Lá, existem artefatos do planeta de origem de Kal-El (nome kryptoniano de Clark Kent, o Superman) o planeta Krypton e de outros povos alienigenas.

Superman e todo o seu universo são propriedades da DC Comics.

terça-feira, 23 de junho de 2009

Sentido

Não tem sentido
Não tem sentido o trabalho
Não tem sentido a luta
Não tem sentido o amor
Não tem sentido a dor
Não tem sentido o prazer
Não tem sentido a raiva
Não tem sentido a falta
Não tem sentido a presença
Não tem sentido a vitória
Não tem sentido a derrota
Não tem sentido o passado
Não tem sentido o futuro
Não tem sentido o sono
Não tem sentido o despertar
Não tem sentido a vida
Não tem sentido a morte
Não tem sentido o sentido
Não tem sentido nada
Ainda assim mantém-se
Sentido

Poetizado por: Melchior Cristo da Silva Barbosa

terça-feira, 9 de junho de 2009

A Saga do Churrasco - Pt. II

Logo que comecei o meu "rolê", vi uns caras chegando com amplificadores e cubos. Alguns carregavam alguns instrumentos. "Opa! Vai rolar uma bandinha aqui" pensei comigo. A decepção foi total quando vi a Kombi dos caras: "Molekagem". Sério, isso não é lá muito empolgante. Aí eu vi a cuíca, o cavaquinho...resolvi ir um pouco distante da zona.

Depois do campo de futebol tinha uma ladeira que dava pra perto de um riacho. Munido de um mp3 player, resolvi ficar ali ouvindo umas músicas e pensar na vida. Era um lugar silêncioso e tranquilo, perfeito para o maior dos clichês dos churrascos: roda de fuminho. Na boa, eu não gosto, saí de lá antes que me notassem e ouvissem meu não e me culparem por "estragar o barato" deles.
Engraçado isso. Uma pessoa que não fuma é praticamente culpada por trazer consciência pra essa galera e fazer eles sentirem o peso da mesma...vai entender...

Resolvi voltar pra perto das carnes e bebidas, mas ali do lado a "Molekagem" já rolava solta. Mesmo com o mp3 eu sofri com aquele som horrível. Não tinha como ficar ali. Meu amigo estava lá , servindo numa boa e ainda levava uns tapas na bunda de uns canhões de guerra. Fui pra onde os carros estavam estacionados. Sentei perto de um e fiquei ali ouvindo meu som, olhando pro céu. Fechei os olhos e...senti o carro balançando. Num impulso instintivo, levantei rápido e olhei pra dentro do veículo. É, a ex-noiva não se aguentou e foi dar uma "volta" no carro de um dos caras da festa. Bem romântico. Resolvi que era melhor sentar, beber refri e aguentar o pagodão. Antes de voltar, pude ver o noivo bêbado tentando argumentar com a sua noiva que ela tava vendo coisa demais...ok, estavamos todos vendo coisas demais.

Meu amigo churrasqueiro já estava de cara azeda, não suportando aquilo ali. Eu vi o loser dos foras dormindo num cantinho abraçando uma garrafa de cerveja. O resto dançava o pagode de forma no mínimo interessante...
Olhei pro meu amigo bebedeiro e ele já tava com uma debaixo do braço acenando e sinalizando "já tenho carona". Foi a deixa pro outro largar as carnes e sinalizar pra mim "Vambora?". Sem pensar duas vezes, concordei e fomos direto pro carro. A ex-noiva sai do seu "rolê" tombando no chão e rindo. O cara ajeitava as calças. A galera do fuminho já subia a passos lentos de volta para a festa. Foi o bastante pra um dia só.

Voltei pra casa e li um livro sobre a ditadura no Brasil. Valeu o dia.

Fim!